
Essa mensagem eu postei originalmente na comunidade do Padre Fábio de Melo no Orkut e fiz algumas adaptações.
Apesar de não seguir a uma religião específica, me considero católica, no sentido "Universal". Por isso, onde encontro palavras de sabedoria, sensibilidade e sensatez, corro meus olhos e minha mente, alimentando-me como um beija-flor do néctar do conhecimento fértil e produtivo do meu semelhante, tenha ele a roupagem, fé, religião, filosofia que tiver.É com essa matéria-prima que vou elaborando o meu próprio mel, a fim de que ele seja útil ao meu próximo também. Tenho amigos da Umbanda, Seicho No Ie, Ateus, etc... e com eles aprendo tanto, tanto. E, apesar de não conhecê-lo pessoalmente, sou fã das mensagens e da forma como o Padre Fábio cultiva o Cristianismo. E na época em que escrevi esse texto, ele expressava a minha opinião sobre um tópico da comunidade em que o Padre se defendia das críticas de um fiel mais inflexível que questionava a sua "modernidade". Mas como esse é um tema universal (lidar com as diferenças) resolvi postá-lo também aqui no Painel Racional. Espero que gostem =)
Esse texto é sobre como cada um lida com algo fundamental para a nossa convivência em grupo. Lidar com as diferenças e adaptar-se ao novo sem perder a essência positiva . A intolerância é mãe de quantas guerras, não? E não estou falando apenas de guerras religiosas. São brigas, discussões, mágoas geradas porque "eu penso assim, minha mãe tem outra opinião... Meu pai não me entende... meu marido é radical demais... e por aí vai ....
Por que será que é tão difícil tolerar uma opinião divergente? Será que é porque temos medo de que "nos roubem de nós mesmos" ? O roubo existe sim, mas ele ocorre com mais frequência onde as brechas de segurança são mais expostas. E aí é que vem o nosso engano. A gente acaba achando que sendo arredio e agressivo consegue ter as rédeas sob controle, demarcar território. E aí a guerra está armada! São milhares de trincheiras invisíveis montadas ao redor de cada um. Aí nós acabamos falando e falando de "amor", "fé", "fraternidade" ... Mas acabam por se tornar apenas palavras vazias, auto-sugestivas, uma longa ladainha que não consegue adentrar nas barreiras de cada um. E qual o antídoto para isso? O autoconhecimento. “Conheceis a verdade e a verdade vos libertará” . E como a gente pode querer conhecer a verdade se não conhecemos nem quem está mais próximo: nós mesmos?
Quando você sabe reconhecer as próprias emoções e os próprios sentimentos, saber realmente o que você quer da sua vida, você consegue raciocinar e alcançar a própria individualidade, o EU verdadeiro. A partir daí, o compartilhar deixa de ser um monstro de sete cabeças e passa a ser um alimento para a alma. Usando uma metáfora, seria como numa banda de música: os instrumentos são diferentes. Cada um tem a sua própria melodia e timbre. Mas quando cada músico executa corretamente a sua partitura, mesmo que as melodias sejam diferentes, a música sai bela, divina, vibrando harmonia. Na vida também podermos ser assim.
O mundo está mudando, aliás, ele sempre mudou.
Jesus foi a novidade do seu tempo, com a sua nova maneira de agir, chocou fariseus, romanos, as pessoas ao seu redor e por isso foi crucificado. Mas a mensagem ficou. A Natureza nos dá prova dia e noite que a renovação é parte da vida. De que me adianta fazer barricadas contra a globalização, reclamar do vazio da TV ? Prefiro usar as ferramentas de comunicação do meu tempo para compartilhar alimentos para a minha alma. Se o palco virou altar? Como anteriormente uma colega disse... Pois eu digo: até que enfim! É o Sagrado que cura o profano, e não o contrário. Ou por acaso alguém aqui confiaria a sua vida a um médico que o trata a distância, sem vê-lo ou tocá-lo, com nojo das suas feridas?
O meu encontro com a Luz Divina (Deus, Alá, Jeová, Krishna, Adonai, tenha o nome que tiver... ) é a razão do meu viver. E a construção dessa trajetória não está apenas na missa do domingo ou num gesto de caridade. Ela está no meu dia a dia, na minha transformação íntima, no aprendizado constante, tão constante como o ar que eu respiro e o sol que me alimenta.
O ecumenismo é o berço para sermos irmãos realmente. Universais. Afinal, a dor que uma mãe muçulmana tem ao perder um filho num confontro da guerra é diferente da dor de uma mãe cristã que perdeu seu filho no 11 de setembro ? O sol que brilha para um indu é menos vivo e iluminado que o sol que brilha para um judeu ?
Reflitam sobre isso, e considerem que o ecumenismo não se restringe apenas ao aspecto religioso, mas às atitudes mais simples e rotineiras do nosso dia a dia, como apenas ouvir o próximo.Muitas vezes a caridade pode ser mais fácil do que a gente imagina.
Boa noite e fiquem com Deus !
Racionalmente,
Juliana